Homenagem a João de Deus.
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Homenagem a João de Deus.
« Foi publicado no Diario de Notícias, em 8-03-1895.
"João de Deus é uma das personificações mais belas do nosso carácter peninsular; vivo e indolente, devaneador e apaixonado, crente e sentimental.
É uma flor do meio-dia, cheia de seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguém sentiu entre nós mais ardente a sua imortalidade do que Bocage.
Com que entusiasmo ele exclamava ao ver os seus versos elogiados na boca de Filinto: - Zoilos tremei; posteridade, és minha! Sob este ponto de vista, João de Deus é a antítese completa de Bocage. Este tinha a inspiração orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de ironia e de sarcasmo. João de Deus tem a inspiração serena, espntânea, quase inconsciente. João de Deus é como a flor do campo, que rebenta formosa sem cultivo, velada apenas pela graça de Deus, o jardineiro supremo. As suas poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice, a disposição encantedora das pétalas. E estas flores, estes mimos de fantasia e de sentimento, levá-las-ia dispersas a aragem, se mãos amigas não fizessem piedosamente a colheita e não formassem com elas o mais viçoso ramo, o mais artístico matiz. O pródigo deixaria dissipar a sua herança literária, e quando os amantes do belo lhe fossem tomar contas, ele daria em resposta, o que já escreveu uma vez, sob o apagado desenho de um Cristo: - resurrexit, non est hic!"
Foi elaborado por: Reis Dâmaso »
Fonte:
http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr472/Homenagens.htm
"João de Deus é uma das personificações mais belas do nosso carácter peninsular; vivo e indolente, devaneador e apaixonado, crente e sentimental.
É uma flor do meio-dia, cheia de seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguém sentiu entre nós mais ardente a sua imortalidade do que Bocage.
Com que entusiasmo ele exclamava ao ver os seus versos elogiados na boca de Filinto: - Zoilos tremei; posteridade, és minha! Sob este ponto de vista, João de Deus é a antítese completa de Bocage. Este tinha a inspiração orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de ironia e de sarcasmo. João de Deus tem a inspiração serena, espntânea, quase inconsciente. João de Deus é como a flor do campo, que rebenta formosa sem cultivo, velada apenas pela graça de Deus, o jardineiro supremo. As suas poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice, a disposição encantedora das pétalas. E estas flores, estes mimos de fantasia e de sentimento, levá-las-ia dispersas a aragem, se mãos amigas não fizessem piedosamente a colheita e não formassem com elas o mais viçoso ramo, o mais artístico matiz. O pródigo deixaria dissipar a sua herança literária, e quando os amantes do belo lhe fossem tomar contas, ele daria em resposta, o que já escreveu uma vez, sob o apagado desenho de um Cristo: - resurrexit, non est hic!"
Foi elaborado por: Reis Dâmaso »
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http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr472/Homenagens.htm
Inês San- Convidado
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